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quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

O ABANDONO DE MEDEIA - de O Velo de ouro


RESUMO 
Jasão voltando triunfante da sua expedição à Colchida, onde desposou Medeia, vem a Corinto, para junto do rei Creon. Lentio Pelias tinha-o mandado à conquista do Vélo de ouro para o afastar de si, como herdeiro  perigoso, e acaba de morrer misteriosamente. O povo atribui a sua morte à mágica de Colchida e um crente vem a Corinto dizer-lhes que estão proscritos do país. Creon, que deseja ligar sua filha Creuse com Jasão, o que quer é apenas o auxílio de Medeia. Jasão por seu lado vai-se esquecendo do que deve a Medeia e a sentir abrir-se um abismo entre o heleno civilizado e aquela bárbara de Colchida. A pobre esposa vem instar pela última vez com o ingrato para que o acompanhe no exílio.
Por Franz Grillparzer 

O ABANDONO DE MEDEIA 
(de O Velo de ouro)
Medeia (depois que Creon se retirou) - Bem, ele foi-se! Já nenhum estranho nos incomoda, nenhum outro se estreita entre o marido e a mulher, podemos falar como no-lo ordena o nosso coração, e dizer-me agora: o que tencionas fazer?  
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Jasão - Bem o sabes. 
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Medeia - Sei o que tu queres, não sei o que tu pensas. 
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Jasão - Basta a minha vontade, pois que ela decide. 
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Medeia - Então devo partir? 
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Jasão - Sim, partir!
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Medeia - Hoje mesmo? 
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Jasão - Hoje! 
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Medeia - Tu falas e ficas calmo diante de mim? E a vergonha não faz baixar-te os olhos, a tua fronte não cora?
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Jasão - Deveria corar, sim, se falasse doutra manira. 
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Medeia - está bem! não fales nunca doutro modo quando quiseres desculpar-te perante os outros, mas, diante  de mim, deixa essa máscara vão!
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Jasão - E ao horror pelos crimes chamas tu uma máscara vã!  O mundo condena-te, os deuses condenaram-te e mais não faço que abandonar-te à sua sentença, porque na verdade ela não te atinge sem que a tenhas merecido. 
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Medeia - Mas quem é então este homem puro a que estou falando? Não é Jasão? Jasão será tão inocente? Mas, homem inocente, não vieste tu à Colchida e não pediste, coberto de sangue, a mão da filha do seu rei? Homem inocente! não mataste tu meu irmão? Meu pai não sucumbiu aos teus golpes, homem puro, homem inocente? Não abandonaste a mulher que roubaste, homem inocente? Monstro, infame que tu és!
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Jasão - Insultos... não me convém ouvi-los; sabes agora oque tens a fazer, adeus pois!
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Medeia - Não, não o sei ainda, por isso fica até que o saiba. Fica. Serei tranquila, tranquila com tu estás. É então o exílio que me cabe em sorte? E o que te cabe a ti? Parece-me que também tu foste atingido pela sentença do arauto. 
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Jasão - Logo que se souber que eu estou inocente da morte de meu tio, o exílio será levantado. 
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Medeia - E viverás tranquilo e alegre dai em diante? 
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Jasão - Viverei no isolamento, como convém aos infelizes. 
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Medeia - E eu?
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Jasão - Tu, tu suportarás a sorte que a ti mesmo preparaste. 
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Medeia - Que preparei? Será tão inocente, tu?
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Jasão - Sim, sou-o!
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Medeia - E tu não pediste a morte de teu tio? 
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Jasão - Não a precipitei! 
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Medeia - Tu não me tentaste? 
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Jasão - A primeira cólera na sua efervescência lança muita ameaça que não cumpre depois de madura reflexão. 
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Medeia - Dantes acusavas-te a ti mesmo...
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Jasão - Não é o pensamento que se pune, é o ato.
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Medeia (vivamente) - Mas eu não o cometi!
Jasão - Quem foi então? 
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Medeia - Não fui eu! Escuta, meu esposo, e julga-me depois. Quando me aproximei da porta para ir buscar o velo, o rei estava sobre o seu leito; ouvi gritar, voltei-me e vi-o levantar-se do leito, chorando, debatendo-se e estorcendo-se. "Tu vens, irmã, grita ele, para te vingares,para te vingares de mim? Tu vais morrer mais uma vez, mais uma vez ainda!" Deu um salto e agarrou-me,a mim que levava o velo nas mãos. Tremia toda, chamando em meu auxílio os deuses que conheço e estendia diante de mim o velo, como se fosse um escudo. Então as contrações da loucura fazem-lhe contorcer as feições, arranca bramindo os panos que lhe cobrem as veias, elas abrem-se-lhe e o sangue espadana-lhe com abundância, e quando olho ao redor de mim, gelada de pavor, o rei está deitado a meus pés, banhado no sangue, inteiriçado, morto.
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Jasão - E tu atreves-te a confessa-mo? Mágica,celerada! Afasta-te de mim! Foge! metes-me horror! Para que te vi eu!
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Medeia - Não o sabias tu? A primeira vez que me viste, foi nas minhas funções de sacerdotisa e não obstante desejaste-me, perseguiste-me. 
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Jasão - Eu era moço, era louco e temerário, mas o homem rejeita o que agrada às crianças. 
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Medeia - Oh! não insultes os anos dourados da juventude! A cabeça é arrebatada, mas o coração é bom! Ah! como era bem melhor para mim que fosses aquele que foste! Volta um único passo a esse belo tempo em que no meio da fresca verdura da nossa mocidade nós nos encontramo sobre as margens floridas de Phasis. Como a tua alma era aberta e clara! a minha era mais sombria, mais fechada; mas penetraste-la com a tua doce luz e as trevas do meu coração iluminavam-me num vivo clarão.  Então fui tua e tu foste meu. Ó Jasão! está tão perdido para sempre esse belo tempo?  os cuidados da casa, do lar, do renome e da glória, mataram então para sempre essas belas flores que nasciam da árvore da juventude?  
Olha! na minha dor, na minha miséria lembro-me ainda muitas vezes dessa bela primavera, e sinto-lhe a brisa tépida soprar-me ainda no rosto. Se achaste então Medeia meiga e digna de ser amada, como se tornou agora para ti medonha e odiosa? Tu conhecias-me e todavia procuraste-me; tomaste-me tal! como eu era, conserva-me contigo tal como eu sou!
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Jasão - Não pensas nas coisas que depois aconteceram. 
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Medeia - Elas são horríveis, sim, concebo! Procedi mal com meu pai, mal com meu irmão, e condeno-me a mim própria por isso; que me castiguem, expiarei de bom grado as minhas culpas! mas não es tu que me deves castigar, não és tu, Jasão, porque o que fiz fi-lo por amor por ti. Vem, fujamos juntos, fujamos unidos. 
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Jasão - E para onde? 
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Medeia - Que importa! 
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Jasão - Tu deliras e censura-me por não delirar contigo. Tudo está acabado! Os deuses maldisseram a nossa união, porque ele começou por crimes atrozes, porque medrou e se alimentou com assassinos. Vá que não tenhas matado o rei, mas quem estava lá? quem te viu? quem há de crer-te? 
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Medeia - Tu! 
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Jasão - E quando eu acreditasse, que posso eu? Cedamos ao destino, não o afrontemos! Que cada um de nós aceite o castigo para expiar os seus crimes, tu fugindo daqui, visto que não podes ficar, eu ficando, quando quereria fugir. 
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Medeia - Não escolheste para ti a parte mais pesada! 
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Jasão É então tão agradável viver como estranho sob um teto estranho, da esmola de uma piedade estranha? 
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Medeia - Se achas isso tão desagradável, para que não escolhes a fuga? 
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Jasão - Para onde fugir, e como? 
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Medeia - Menos inquietação sentiste quando vieste da tua pátria até a Colchida, perseguindo uma vã glória sobre uma terra longínqua. 
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Jasão Já não sou aquele que era, a minha força está quebrada e no meu seio extinguiu-se-me a coragem. A ti  devo tudo isto; a lembrança do passado pesa como chumbo sobre a minha alma inquieta, não posso elevar nem os meus olhos nem o meu coração. E depois a criança agora  fez-se homem, já não brinca puerilmente com as flores, procura os frutos, a realidade, o sólido. Tenho filhos e não tenho terra para eles; tenho de adquirir um domínio para os meus descendentes. Pois a raça de Jasão, como uma erva seca, há de ficar à borda da estrada, calcada pelo viajante? Se tu me amaste algum dia, se te fui caro, mostra-o restituindo-me a mim próprio, concedendo-me um túmulo na terra da minha pátria!
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Medeia - E sobre a terra da tua pátria um novo leito conjugal! Não é assim? 
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Jasão - Que queres dizer com isso?
Medeia - Pois não o ouvi eu chamar-te seu parente, seu filho, seu genro? Creuse seduz-te e é por isso que ficas. Não é por isso? Possuo-te eu então? 
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Jasão - Nunca me possuíste e tão pouco me possues  agora. 
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Medeia - Eis como tu queres expiar os teus crimes! E é para isto que Medeia se deve separar de ti?  Pois não estava eu ao pé de vós, banhada em lágrimas, quando tu recordavas junto dela os anos decorridos, suspendendo-te a cada passo, demorando-te com delícias, perdido no eco das recordações? Mas eu não hei de partir, não!
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Jasão - Sempre injusta, sempre áspera, sempre arrebatada! 
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Medeia - Injusta! Então tu não a desejas para mulher? Responde-me que não!
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Jasão - Procuro um lugar onde repousar a cabeça, mais nada; o que se seguirá a isto, ignoro-o!
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Medeia - Mas sou eu que o sei, e espero impedi-lo se um deus me prestar o seu auxílio.
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Jasão - Tu não podes falar com calma, adeus pois! (afasta-se). 
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Medeia - Jasão!
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Jasão - (volta-se) - Que é?
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Medeia - É a última vez naturalmente, a última vez que nos falamos! 
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Jasão - Separemo-nos então sem ódio nem rancor. 
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Medeia - Impeliste-me ao amor e foges agora? 
Jasão - Assim é preciso! 
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Medeia - Roubaste-me meu pai e roubas-me ainda o esposo? 
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Jasão - É constrangido que o faço!
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Medeia - Meu pai caiu aos teus golpes, tirastes-mo, e foges-me? 
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Jasão - Se caiu, a culpa não foi minha. 
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Medeia - Deixei a minha pátria para te seguir. 
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Jasão - Foi a tua própria vontade que seguiste, e não a mim. Se te tivesses arrependida, estaria pronto a deixar-te voltar. 
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Medeia - O mundo maldiz-me por tua causa, por tua causa eu me abomino a mim mesma, e abandonas-me?
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Jasão - Eu não te abandono; uma força maior me separa de ti. Se perdeste a tua felicidade, onde está a minha? Aceita a minha miséria como compensação para a tua!
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Medeia - Jasão (Cai de joelhos). 
Jasão - Que vem a ser isso? Que me queres tu ainda? 
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Medeia (erguendo-se) - Nada! Passou!... Perdoai-me,meus pais, perdoai-me, altivas divindades da Colchida, por me ter envilecido a mim próprio envilecendo-vos a vós! Um interesse supremo estava em jogo. Agora pertenço-vos (Jasão afasta-se para partir). 
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Medeia - Jasão!
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Jasão - Não pense mover-me!
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Medeia - Não penses tu que o pretendo. Dá-me os meus filhos!
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Jasão - Os filhos? Nunca! 
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Medeia - São meus! 
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Jasão - Dá-se-lhes o nome do pai, e o nome de Jasão não deve adornar bárbaros; eu os educarei aqui, num mundo civilizado. 
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Medeia - Escarnecidos por seus irmãos, os filhos duma madrasta? Eles pertencem-me! 
Jasão - Não faças com que a minha piedade se transforme em ódio! Acalma-te, só isso suavizará a tua sorte. 
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Medeia - Pois bem! seja! quero  usar ainda de súplicas! Meu esposo!... Mas não, já o não és! Meu amigo!... Mas não, nunca o foste! Homem!... Será um homem e faltarás à tua sagrada palavra?! Jasão!... bff... é o nome de um traidor! Que nome te hei de eu dar, infame?... Homem bom, homem clemente! Dá-me os meus filhos e deixa-me partir!
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Jasão - Não posso, já te disse, não posso!
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Medeia - Pois tu serás tão cruel! Roubas à esposa o esposo e agora recusa até à mãe os seus filhos!
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Jasão - Pois bem! seja! Para que reconheças que sou justo, uma das crianças há de partir contigo! 
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Medeia - O que! só uma? uma só?
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Jasão - Não exijas demais! Este pouco já é quase uma transgressão do meu dever. 
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Medeia - E qual é ele? 
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Jasão - As crianças tem de escolher; aquele que quiser ir contigo, que parta ma tua companhia!
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Medeia - Oh! mil vezes obrigado, homem bom! homem clemente! Não há dúvida que mente todo aquele que te chama traidor (Aparece o rei). 
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Jasão - Vem, ó rei!
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O Rei - Está então acabado? 
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Jasão - Ela vai-se. Dou-lhe um dos filhos. (A um escravo que veio com o rei:) - Vá depressa, traze-nos os pequenos. 
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O Rei - Que fazes? Ambos eles ficarão aqui! 
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Medeia - O que me parece tão pouco parece-te demais? Teme os deuses, homem severo! 
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O Rei - Os deuses também são severos para o crime. 
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Medeia - Mas eles vêem também o que nos levou ao ato. 
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O Rei - São os maus instintos do coração que nos levam a praticar o mal. 
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Medeia - E o que ainda leva à falta, não contas isso para nada? 
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O Rei - Sou um juiz severo para mim próprio, por isso o posso ser para os outros.
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Medeia - Punindo os crimes, tu cometê-los. 
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Jasão - Não quero que diga que fui cruel para ela, por isso lhe deixei um dos filhos como uma doce consolação para a mãe na dor e no sofrimento (Creuse vem com as crianças.)
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Creusa - Pedem as crianças, disseram-me. Que querem delas: Que vai passar-se? Oh! vê, elas amam-me, ha tão pouco que chegaram, como se nos tivéssemos visto e nos conhecêssemos já ha anos. As minhas doces palavras, desconhecidas dos pobres pequenos, captaram a sua estima como ele captaram a minha pelo seu infortúnio.
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O Rei - Um dos filhos deve seguir a mãe. 
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Creusa - Deixar-nos? 
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O Rei - Sim, o pai assim o quer. (A Medeia, que ficou abismada nos seus pensamentos). Ai estão as crianças, vamos! que escolham!
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Medeia - Os meus filhos! Sim são-no! a única coisa que me resta sobre a terra. Deuses! os pensamentos criminosos que tive ao princípio, esquecei-os, e deixai-me com ambos! Então partirei, louvarei a vossa bondade, perdoar-lhe-ei a  ele e... não a ela, não!... a ele também não! Vinde aqui, meus filhos! ... Porque ficais aí, apertados de encontro ao seio pérfido da minha inimiga? Oh! se soubesses o que ele me fez, armarias as vossas mãozinhas, os vossos fracos dedos curvar-se-iam como garras para dilacerar esse seio  a que agora vos apertais. Queres seduzir os meus filhos? Larga-os, anda!
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Creusa - Desgraçada! Mas eu não os detenho.
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Medeia - Com as tuas mãos, não, sem dúvida, mas detém-los, como o pai, com os teus olhares falsos e hipócritas. Ris? Hás de chorar ainda, afirmo-te!
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Creusa - Oh! que os deuses me punam, se estou a rir. 
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O Rei - Não empregues a cólera e os insultos, mulher! Faze com calma o que se te concede, ou parte! 
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Medeia - Admoestas-me com razão, ó rei justo, mas não com tanta bondade, como justiça; mas que? talvez! sim, és uma coisa ou outra! Vede, meus filhos, mandam vossa mãe embora daqui, para muito longe, além dos mares e das serras, quem sabe para onde? Mas estes homens bons, vosso pai e este bom, esse justo rei que aí está, permitiram à mãe que levasse com ela na sua longa viagem um dos seus filhos, um único. Deus poderoso, ouvis? um único!... Que aquele pois de vós que me ama mais venha ter comigo, porque não o podereis fazer ambos. O outro deve ficar ao pé de seu pai e junto da filha pérfida do homem pérfido!... Ouvis? Porque hesitais? 
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O Rei - Eles não querem! 
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Medeia - Mentes, rei falso e injusto! Eles querem, mas tua filha seduziu-os! Não me ouvis?... Ó a infame! a horrível! maldição da mãe, retrato do pai! 
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Jasão - Eles não querem! 
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Medeia - Fase com que se vá! As crianças amam-me, não sou eu a mãe? Mas ela faz-lhes sinais e puxa-os para longe de mim. 
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Creusa - Retiro-me e imediatamente aparecerá a falsidade das tuas suspeitas. 
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Medeia - Vinde, vinde agora!... para junto de mim!... raça de víboras! (Dá alguns passos para eles, as crianças refugiam-se para junto de Creuse). Eles fogem-me! Fogem!
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O Rei - Vejo agora, Medeia, que as crianças não querem ir; parte, pois! 
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Medeia - Não querem ir? Os filhos não querem a mãe? Não é verdade, é impossível!... Aeson, meu filho mais velho, meu favorito! vê, tua mãe chama-te, vem para o pé dela! Nunca mais serei rude nem severa! Serás o meu tesouro mais precioso, o meu único bem! Escuta tua mãe! vem!... Ele afasta-se! não vem! Ingrato! Retrato do pai! Fica, fica, não te conheço!... Mas tu, Absyrtus! meu filho, que tanto sofri por ti, onde revivem as feições do irmão que eu choro, meigo e calmo como ele, vê, tua mãe está aqui de joelhos e implora-te. Não a deixes suplicar em vão! Vem, vem, meu Absyrtus! Vem para o pé de tua mãe!... Ele hesita!... Também tu não queres!... Quem me dará um punhal? Um punhal para mim e para eles! (Levanta-se num salto). 
Jasão - Não te queixes senão de ti própria; só a tua natureza violenta afastou de ti esses pequenos, impelindo-os para onde está a ternura. Foram os deuses que os roubaram. Parte, pois, eles ficarão aqui. 
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Medeia - Filhos, escutai-me!
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Jasão - Vês bem que eles não te escutam. 
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Medeia - Filhos! 
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O Rei (a Creusa) - Leva-os outra vez para o palácio! Não convém que eles odeiem aquela que os deu à luz. (Creusa com as crianças volta-se para o salão).
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Medeia - Eles fogem! Os meus filhos fogem de mim!
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O Rei (a Jasão) - Vem! É estéril deplorar o inevitável. (Saem).
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Medeia - Meus filhos! Filhos! (Entra a velha Sora, a ama de Medeia).
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Sora - Domina-te! Não dês aos teus inimigos o espetáculo do seu triunfo!
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Medeia (lançando-se por terra) - Estou vencida, aniquilada, esmagada! Eles fogem de mim, fogem de mim!
Os meus filhos fogem!
Sora - (inclinada sobre ela) - Não morras!
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Medeia - Deixa-me morrer! os meus filhos! (O pano cai).
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F I M


BREVE BIOGRAFIA DO AUTOR 
         Franz Grillparzer, poeta e dramaturgo, nasceu em Viena a 15 de Janeiro de 1791, e morreu em de Janeiro de 1872. Tendo perdido seu pai em 1809, fez-se perceptor para sustentar a família. Em 1813 entro na administração das finanças, e em 1833 foi nomeado diretor dos arquivos . Em 1861 recebeu do título de Conselheiro do Império.Os seus funerais só tiveram símile nos de Klopstock em Hamburgo. Estreou-se no teatro com uma peça romântica, escrita  em duas semanas, Die Ahnfrau (A avó), 1817. 



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